Quando a produção em massa começou a ganhar força com Henry Ford na primeira metade do século XX, uma prática era muito comum: o controle e a inspeção do produto. Por meio deles, produtos eram ao final do ciclo produtivo destinados ao estoque, retrabalho ou direto pra sucata. Simples assim.

Só que como você pode perceber, esta prática girava em torno do ato de controlar o produto – e não o processo. Enquanto que controlar o produto remete-se apenas a monitorar o processo e a inspecionar o produto, sem haver possibilidade de intervir sobre ele; controlar o processo é ligado a assegurar por meio de técnicas estatísticas que a qualidade do processo permaneça estável e dentro dos limites de especificação previamente estabelecidos.

Neste artigo, você irá entender mais sobre estas diferenças entre controle de processos e controle de produto, compreender o que é e do que se trata o Controle Estatístico de Processos (CEP), saber quais são os tipos de variação, e que tipos de informação uma carta de controle por variáveis e atributos contempla, além de descobrir quais os indicadores utilizados pelo CEP para medir um processo.

Vamos lá?

Controle preventivo versus corretivo: em qual deles entra o CEP?

O Controle Corretivo atua da seguinte forma: uma linha de produção opera e produz seus produtos; ao final de seu processo são gerados “n” produtos, que por sua vez, antes de serem despachados para estoque ou carregamento, são encaminhados para a inspeção – seja ela total ou parcial (por amostragem). Como vimos até aqui, este tipo de controle também é conhecido como Controle de Produto.

Todavia, o Controle Preventivo atua de outra maneira: ao invés de esperar a fabricação de todos os “n” produtos para leva-los para a inspeção, ele vai coletando periodicamente por meio de Cartas de Controle ao longo do processo informações sobre a variação dos requisitos críticos para a qualidade do produto sob a perspectiva do cliente. Quando o processo aparenta estar saindo do controle, ações preventivas entram em ação para garantir que ele retorne a estabilidade. Este tipo de controle é conhecido também como Controle de Processos.

Agora, pense bem, qual deles você acha mais eficaz?

O controle preventivo, certo?

E é nele que entra então o Controle Estatístico de Processos – o CEP. Esta ferramenta estatística da qualidade possui como objetivo prevenir que o processo opere fora dos limites de controle pré-estipulados. Com seu conjunto de ferramentas disponíveis – que você irá conhecer mais a seguir, o CEP busca reduzir ainda mais as variações atuais do processo e elevar a sua exatidão no alcance ao alvo especificado, de forma que os produtos fabricados tenham uma qualidade constantemente uniforme.

Quais os tipos de variação em um processo?

Conseguiu até aqui então perceber o que o CEP busca eliminar? A variação, não é verdade? Através da busca contínua por sua redução, um processo permanece do ponto de vista estatístico mais controlado e previsível, e com cada vez menores chances de fabricar produtos defeituosos.

Os 2 tipos de variação que o CEP procura eliminar são decorrentes de causas comuns e causas aleatórias. Causas comuns são atreladas as variações inerentes e naturais ao processo, e por isso, são mais difíceis de eliminar. Já causas aleatórias são decorrentes de problemas esporádicos e imprevisíveis, como: queda de energia, erro de setup, matéria-prima fora da especificação, dentre outros.

Todas as causas de um processo podem ser mais bem reconhecidas e analisadas por meio dos 6M’s do Diagrama de Ishikawa: método, medição, material, máquina, mão de obra e meio ambiente. Para prevenir e mitigar constantemente a variação em uma linha produtiva, realizar este levantamento e priorizar as principais causas – com o Diagrama de Pareto – que são vinculadas ao processo é crucial para elaborar soluções de melhoria mais eficazes.

Cartas de controle por atributos e variáveis: qual a diferença?

O Histograma – outra ferramenta da qualidade usada pelo CEP – representa muito bem a variabilidade de um processo, não é mesmo? Através dele, os dados podem ser analisados levando-se em conta a sua precisão – quanto menor a curva no formato de sino menor a sua variação e melhor sua eficiência, e exatidão – quanto mais próxima do alvo especificado melhor a sua eficácia.

As Cartas de Controle obedecem aos mesmos fundamentos: usando de medidas de tendência central – média, moda ou mediana – e de variabilidade – amplitude, desvio padrão ou variância – para expressar o comportamento do processo perante a produção de seus produtos dentro dos limites de controle calculados e dos limites de tolerância superior e inferior propostos.

Seus dois tipos de aplicação são:

Cartas de controle por atributos: este tipo de carta utiliza de dados que não podem ser numericamente mensurados, como: passa ou não passa, alto ou baixo, sim ou não, conforme ou não conforme, bom ou mau, e por aí vai. Ele conta com 4 tipos de gráficos: “p” para controlar a proporção de peças defeituosas, “np” para controlar a quantidade de peças defeituosas por amostra constante, “c” para controlar a quantidade de defeitos por amostra constante, e “u” para controlar a quantidade de defeitos por peça para amostras constantes ou não.

Cartas de controle por variáveis: este tipo de carta utiliza de dados que podem ser numericamente mensurados. Seus dois tipos de gráficos mais utilizados pela maior facilidade de análise e interpretação são: média e amplitude e média e desvio padrão. Este modelo de carta é a mais empregada em ambientes produtivos, já que a maioria dos processos tem operações que são numericamente mensuráveis.

Para que medir a capacidade de um processo com o CEP?

Com base nos dados inseridos nas cartas de controle por atributos ou variáveis – aplicadas no processo para revelar seu comportamento e sua desejável estabilidade ao longo do tempo, os indicadores de capabilidade (CP) e capacidade (CPK) podem ser então calculados.

O indicador de capabilidade denominado CP mede a dispersão do processo e a sua potencial capacidade de operar dentro dos limites de tolerância estipulados. Já o indicador CPK mede a capacidade real do processo de operar dentro dos limites desejados tendo como referência o alvo para alcance.

Com estes indicadores em mãos, o time de processos e da qualidade possui a informação da capacidade do processo operar com consistência e estabilidade entregando produtos uniformes e com qualidade. Neste caso, melhorias por fim podem ser implantadas e posteriormente, seus respectivos novos níveis de performance confrontados.

Até o próximo,

Vinícius Silva