foster

Qualquer empresa “normal” quando entra em crise faz cortes, vende ativos e concentra no que faz melhor. A Petrobras é diferente. Uma empresa estatal (comando estatal) mas com ações comercializadas na bolsa, ou seja, tem uma governança estatal mas capta dinheiro no mercado. A Petrobras foi usada como ferramenta de combate a inflação (de forma equivocada), como uma política econômica, mas por outro lado tem acionistas minoritários, inclusive com ações comercializadas na bolsa de Nova York, que querem retorno financeiro do investimento. Um grande paradoxo.

Um outro fator é que a Petrobras tem um monopólio de um produto extremamente cobiçado e tem exclusivamente o mercado na sétima economia do mundo. Muita empresa gostaria de estar nessa situação.

Essa mistura de púbico e privado, ou, gestão pública com capital privado (nem precisa da crise do petrolão) levou a uma crise gravíssima.

Mas como desGraça  pouca é bobagem o preço do petróleo caiu vertiginosamente no ano passado e pode cair mais. Para quem não conhecia está aí a famosa “tempestade perfeita”.

A Graça (ou seja lá quem for a presidente da Petrobras) vai ter que fazer mágica, mas que tipo de mágica?

A Petrobrás vai precisar de recurso. Captar na bolsa é impossível. Se o governo aportar recursos diretamente aumenta a participação estatal (além de gerar inflação se não tem recursos para investir como é caso no momento) e os acionistas minoritários, que já tem pouca voz, passam a ter menos poder de participação nas decisões. Os sindicados são muitos fortes e não será fácil iniciar um processo de demissões.

Como o preço dos combustíveis vão aumentar (e com impostos o que não traz retorno nenhum) o consumo vai diminuir e com um país em recessão a coisa será pior ainda “no que se refere” faturamento no curto prazo.

Mas não tem outro caminho, a Petrobras precisará diminuir de tamanho e reduzir gastos. Um sonho impossível seria anunciar a preparação para a privatização para daqui a 3 ou 4 anos. Seria uma saída, mas isso não vai acontecer, infelizmente.

A presidente da Petrobras começou a anunciar algumas medidas para reduzir o tamanho da Petrobras, mas como sempre, faz os anúncios de forma atabalhoada, não apresenta nenhum planejamento. As margens de manobra são bastante estreitas. Ninguém sabe o tamanho do buraco e até onde será necessário reduzir. Nem mesmo a presidente.

O pré-sal que era um passaporte para o futuro não tem futuro no médio prazo se é que terá algum. Dívida nas alturas e obrigação de investir 30% em qualquer projeto no pré-sal, esquece, não dá.

O negócio é aproveitar a baixa do petróleo e deixar a gasolina como está (uma das mais caras do mundo) para capitalizar e recuperar o que foi perdido. Esquecer novos investimentos. Diminuir ao máximo os ativos e participações em outros negócios que não sejam prospecção e refino de petróleo e…

E rezar para não acontecer nada pior no setor em futuro próximo. Quem sabe daqui uns 4 ou 5 anos as coisas possam melhorar para a ex-maior empresa brasileira.

Não vai ter Graça o futuro da Petrobras. Não é uma previsão é uma constatação.

P.S. O artigo foi publicado na segunda 02/02/15 e no dia 04/02/15 Graça Foster renunciou a presidência da Petrobras. Apesar das brincadeira e trocadilhos do artigo a simples mudança de diretoria e presidência não vão, sozinhas, mudar a Graça no futuro da antes maior empresa do Brasil.