Existe uma expressão em inglês que é “fill the gap” o que para nós seria “preencher uma lacuna”, porém nós não utilizamos tanto essa expressão no dia a dia como os súditos da rainha. Desde o início do nosso trabalho aqui na Kite percebi uma lacuna profunda entre chão de fábrica e o restante da empresa. Essa percepção está em todas as indústrias que tenho contato nos últimos 20 anos. Essa ruptura as vezes é mais profunda, a vezes mais estreita, mas sempre acontece.

Quando, no início da década de 90, com o fim da reserva de mercado os computadores começaram  a ser usados em larga escala nas indústrias. Nesse momento surge também uma confusão na gestão desse processo. Qual o computador comprar, qual fabricante, características técnicas, etc. Muito erro foi cometido e muito gasto foi feito desnecessariamente até que surge o profissional de TI, ou Tecnologia da Informação, quando começa uma transformação na utilização dos computadores e redes nas indústrias, inclusive com preocupação com segurança de dados, vírus e tudo que estamos acostumados a viver hoje.

Com o processo de digitalização da produção (Indústria 4.0) recém iniciado vivemos a mesmo história só que agora no chão de fábrica. É necessário definir formas de leitura física de sensores indo até a disponibilização desses dados na forma de gráficos sofisticados ou alarmes em tempo real que permita, de fato, que a informação seja aproveitada. E, é claro, não existe esse profissional.

Não existia.

O nome dado a área é Operational Technology (OT) e se mantivermos a tendência de nomenclatura teremos em breve o Profissional de TO ou Profissional de Tecnologia Operacional. Eu ainda não sei como será a formação: profissionais de TI que migram para a área industrial ou engenheiros de automação que se aprofundam em Tecnologia da Informação. Seja como for essa profissão deve ser tornar comum daqui em diante.

No Wikipedia a definição de OT é: o hardware e o software dedicados a detectar ou causar alterações nos processos físicos por meio de monitoramento direto e/ou controle de dispositivos físicos, como válvulas, bombas, etc. Simplificando, OT é o uso de computadores para monitorar ou alterar o estado físico de um sistema, como o sistema de controle de uma estação de energia ou a rede de controle de um sistema ferroviário. O termo se estabeleceu para demonstrar as diferenças tecnológicas e funcionais entre os sistemas tradicionais de TI e o ambiente de Sistemas de Controle Industrial, a chamada “TI nas áreas sem carpete”.

Como coloquei no início do texto, eu senti e sinto muito a falta desse profissional nos nossos clientes. O acaba acontecendo é que acontece de nós mesmos fazermos esse trabalho de fill the gap entre as áreas, conversando com profissionais de elétrica e mecânica na instalação e sensoriamento das máquinas, com a equipe de TI na definição de redes, servidores, disponibilidade, confiabilidade, controle de acesso e segurança de dados, e, é claro, com os gestores de produção que são o focos de todo o trabalho e que consomem toda a informação gerada.

Que venham os novos Profissionais de Tecnologia Operacional, estamos esperando de braços abertos.