Livro A Meta

Vamos dar continuidade ao nosso especial de posts sobre o livro A Meta, de Eliyahu M. Goldratt e Jeff Cox. No primeiro post da série, falamos sobre a determinação da meta e os fatores administrativos que influenciam diretamente nela – ganhos, inventários e custos operacionais. Abordamos também a importância dos gargalos na produção industrial, e que o princípio de tudo é que um único gargalo determina a capacidade total da indústria.

Vamos agora aprofundar nos principais ensinamentos do livro A Meta e falar sobre as teorias que o tornaram tão conhecidas e que são seguidas por indústrias e empresas em todo o mundo.

Aumento da capacidade dos gargalos

Se existe um recurso de capacidade limitada no meio do ciclo de produção que determinará a capacidade total da indústria em expedir pedidos, pois os produtos direta ou indiretamente dependem de processos desse gargalo, é preciso encontrar maneiras de aumentar sua capacidade e minimizar os impactos por ele causados. Principais medidas que podem ser adotadas:

  • Inspeção de qualidade antes do gargalo para reduzir o risco de o gargalo processar peças com defeito
  • Alocar recursos, como máquinas e pessoas, principalmente aproveitando o tempo ocioso de não-gargalos (desta forma, sem aumentar o custo operacional)
  • Terceirizar parte da produção do gargalo com um fornecedor
  • Trabalhar com capacidade máxima – identificar e remover horários de parada/ociosidade e preencher toda a capacidade em cada repetição
Gargalo comandando o fluxo da produção

O princípio da Teoria das Restrições é que a indústria deve ser planejada para trabalhar sobre a capacidade limitada de sua principal restrição, portanto, o gargalo é quem deve conduzir todo o fluxo produtivo. As etapas anteriores ao gargalo devem ter sua capacidade ajustada para não emitir uma demanda maior do que a capacidade do gargalo, evitando assim o acúmulo de inventário. Os não-gargalos posteriores ao gargalo, bem como os processos de peças que não passam pelo gargalo, também devem ser nivelados para não gerar acúmulo de peças para montagem e capacidade de sobra (ociosidade). Para existir esse nivelamento no fluxo, é preciso que o gargalo “alerte” toda a produção, eis que surge o PCP.

Ativação e utilização

Reduzir a capacidade de não-gargalos para nivelar a produção pode impactar na eficiência de um recurso e causar ociosidade em máquinas e pessoas. Se o recurso é ativado apenas para manter a produtividade, pode gerar excesso de capacidade, de modo a aumentar o inventário e o custo operacional. O ideal é que o excesso de capacidade de um não-gargalo seja utilizado para aumentar a capacidade de um gargalo, o que contribui para o nivelamento da produção e aumento dos ganhos.

Redução dos lotes

Outra iniciativa para nivelar a produção é processar lotes menores, de forma a reduzir o lead time e os gastos com inventário. Essa iniciativa pode aumentar custos operacionais com preparação de máquinas e de logística de materiais, mas o custo operacional pode não ser afetado quando recursos com excesso de capacidade são utilizados. A redução de lotes torna o fluxo de produção mais uniforme e aumenta o ganho da indústria, e a mesma lógica pode ser aplicada para atender clientes, realizando entregas fracionadas de pedidos, quando possível.

Sinergia entre os departamentos

A área de produção da indústria deve trabalhar integrada com todos os demais departamentos da empresa: diretoria, contabilidade, RH, TI, marketing, vendas etc. Por exemplo: RH pode ajudar a produção com treinamento e incentivos para direcionar as pessoas a trabalharem pela meta; TI pode ajudar com sistemas que forneçam dados e inteligência tanto para o planejamento quanto para a execução da produção. A produção deve, principalmente, andar de mãos dadas com marketing e vendas, equilibrando demanda e capacidade para estar sempre na direção da meta.

Apesar de todos os ensinamentos relacionados à Teoria das Restrições, como identificar restrições e equilibrar o fluxo, a principal mensagem do livro é voltada para Melhoria Contínua – a verdadeira meta. Ou seja, a meta inicial – dinheiro – deve determinar o direcionamento da empresa, mas não pode ser o seu fim. O dinheiro serve justamente para manter a melhoria contínua: para permitir que a organização continue encontrando suas restrições e nivelando sua produção de forma a manter-se em crescimento e ganhando mais dinheiro. Aumentar ganhos, reduzir o inventário e o custo operacional – constantemente.

Uma mudança feita de forma isolada pode resultar em alguma melhoria, mas nada muito concreto e a longo prazo. A melhoria contínua é o que torna as pessoas, organizações e o mundo melhor. Quem não está em processo de melhoria contínua tende a sofrer impactos com as mudanças do mercado, aumento na exigência de clientes, competitividade da concorrência e surgimento de novas tecnologias.

Leia o livro e discuta conosco suas opiniões e aguarde nosso post da semana que vem que falará sobre as tecnologias que existem para apoiar toda essa ciência.