O OEE é o índice mais usado quando se trata de medir a produtividade do chão de fábrica, apesar de ser inicialmente usado para manutenção, mais precisamente a TPM ou Manutenção Produtiva Total (tradução livre). Porém existem algumas armadilhas que podem, no mínimo, atrapalhar o uso do OEE e, por consequência, mascarar os resultados levando a conclusões erradas. Neste artigo vou apresentar 6 armadilhas mais comuns (existem outras com certeza) quando se trada do uso do OEE.

  • Tempo Padrão

O tempo padrão ou ciclo de máquina é o tempo que se espera (é normalmente definido pelo fabricante da máquina) que uma máquina irá produzir um determinado produto ou produtos. Esse tempo é a base de todo o cálculo do OEE porque se uma máquina na para nunca, e produz sempre nessa velocidade e com 100 % de qualidade o OEE será 100%. É claro que isso não acontece no mundo real. Mas aí surge um problema complexo, qual tempo utilizar? Uai, mas tem mais de um? Não deveria, mas tem. Normalmente no ERP está registrado por produto o tempo de produção para o cálculo de custo e na maioria das vezes esse tempo não está relacionado com o real tempo produção. Isso gera distorções no cálculo do OEE e, não raro, discussões entre departamentos, afinal o financeiro chegou primeiro e já usa esse tempo a mais tempo (desculpa o trocadilho).

Porém não tem jeito, você terá que definir um tempo padrão real para cada produto em cada máquina. Ou usa o que o fabricante forneceu ou usa o próprio sistema de coleta de dados do MES para obter essa informação da própria máquina.

  • Sensoriamento

Para sabermos, em tempo real, se a máquina está produzindo ou não e, quando produzindo, se o ritmo de produção está conforme o planejado precisamos de um sinal (um pulso) que dê essa informação. Existem basicamente duas formas de obter esse sinal: através de um sensor e existem vários tipos de sensor que podem ser utilizados, ou um sinal enviado por um CLP (Controlador Lógico Programável). Não é preciso dizer que a qualidade desse sinal é fundamental para a informação da produção; ruídos, erro de leitura, interferências pode gerar pulsos a mais ou a menos. E isso irá comprometer totalmente as medições de desempenho e tempos de máquina parada. Portanto é importante dedicar algum tempo na definição, análise e testes dos sensoriamento das mViagens
áquinas.

  • Setup de Máquina – O tempo de setup conta como parada?

Existe uma discussão, até acalorada, sobre se o tempo de setup é uma parada, o que compromete o OEE, ou se é um tempo planejado, e nesse caso não entraria no cálculo do OEE. Na realidade o Setup é (ou são?) as duas coisas. O setup deve ser feito, por óbvio, antes do início da produção. Então sabemos de antemão quando será feito e deve-se (ou deveria) saber quanto tempo levará para realizar o setup. Sendo assim o setup é planejado e não entra no cálculo do OEE. Porém a equipe de está realizando o setup pode atrasar e portanto gerar atrasos no início da produção. Esse atraso se caracteriza parada não planejada, ou seja, a máquina está indisponível para a produção, portanto irá reduzir o OEE.

  • Parada Planejada x Parada Não Planejada

Seguindo a linha do setup de máquina, existe muita dúvida sobre o que é parada planejada e o que é parada não planejada. Mas não deveria. Se você sabe de antemão que deverá parar a máquina por qualquer razão isso é uma parada planejada. Porém a máquina parada, mesmo que planejada, é prejuízo e aí os gestores querem considerar qualquer parada no cálculo. A pergunta que sempre fazem é: “o OEE é alto, mas eu não tenho produto pra vender…”. A questão é que a produtividade sempre foi baixa, quando se começa a monitorar é que vem a tona a real situação da produção e isso pode acontecer, e acontece, de ter um OEE razoavelmente alto e baixa produtividade porque produtividade engloba muito mais do que a eficiência das máquinas ou dos operadores. E o OEE como você sabe mede eficiência de máquina.

  • Produção durante Paradas

Algumas vezes quando a máquina está parada é necessário produzir alguns produtos para verificar se o produto final está correto. Esses produtos devem ou não ser considerados? Afinal se não forem considerados o OEE vai cair. Mas você notou uma palavra importante no início da frase? Se você não notou eu te falo: parada. Se a máquina está parada não tem produção; estão se fazendo ajustes que provavelmente vão produzir produtos com defeito, refugo. Mas se não está produzindo está o que então. Outra palavra importante usada na frase anterior: ajustes. Ajustes significa setup, ou seja, esse é uma parada não planejada cuja causa é ajuste de máquina, ou setup, e irá reduzir o OEE por indisponibilidade. Então cuidado, um setup não planejado é parada e produtos produzidos durante um setup é refugo.

  • Refugo

Quanto mais refugo obviamente implica em menor índice de qualidade e impacta o OEE, aliás é o maior impacto. A qualidade, quando se considera empresas World Class (Classe Mundial) com OEE de pelo menos 85%, é de 99%. Isso é bem lógico porque não faz sentido algum a máquina não parar nunca e trabalhar na máxima velocidade e “produzir” (e esse produzir tem que ser entre aspas mesmo) muito refugo. Não existe “produção de refugo”, é perda total não de produtos mas de tempo, dinheiro, recursos humanos, matéria prima, energia, etc. Portanto desconsiderar o refugo e considerar qualidade a 100% é um erro comum e grave. Mesmo sendo difícil de se obter a quantidade de refugo em tempo real é importante que isso entre no cálculo em algum momento.

Existem mais armadilhas, mas essas são as que mais impactam no cálculo do OEE. Se quiser saber mais sobre OEE faça download dos e-books aqui no site do Kite MES.

Se quiser saber sobre erros no uso do OEE leia o artigo a seguir do início desse ano…